Às vezes fica tão fácil complicar a vida. Fica fácil colocar pedras no meio do caminho, por mais pesadas que elas sejam. Fica fácil trocar o sim pelo não. Colocar máscara de velho rabugento pra disfarçar a criança que tem aí dentro, estendendo os braços, pedindo colo. Sim. Colo, abraço, cheiro, afeto. Já ouviu falar nisso? Mas não. É mais fácil torcer o nariz, obedecer cegamente o relógio, ignorar a beleza que reside na simplicidade de um oi, um obrigado, um adeus. Filhos separados dos pais, retratos rasgados de uma história que poderia ser mas não foi. Amores que se foram, se perderam, para sempre, sem volta. Amigos que há muito guardam esse título, mas se tornaram apenas velhos conhecidos, esbarrando ocasionalmente no supermercado. Prateleiras cheias de hipocrisia, má-digestão, azia. Falta de tempo, falta de paciência, falta de coragem de olhar o outro nos olhos e perguntar: “Você está bem?” De verdade, por querer saber, interesse genuíno, e não porque o protocolo exige. Talvez esteja passando da hora de romper alguns estranhos hábitos. Girar a garrafa, tirar o disface, abandonar máscaras. Abraço de urso, ao invés de tapinha nas costas. Conversa de horas, ao invés do bom dia de elevador.”Eu te amo” dito sem dizer absolutamente nada e dizendo absolutamente tudo. Verdade verdadeira, essa que a gente capta num olhar, num sorriso, num telefonema mesmo que rápido, na frieza de uma tela de computador.
Qual é a sua verdade?
Ana diz
Oi Renata!
Se não prestarmos atenção, acabamos deixando os sentimentos de lado, só para nos adequarmos a um protocolo frio e distante…
Temos mais é que aprender com as crianças, que são pura espontaneidade!
Beijos, querida!
Renata Feldman diz
Sem sentimentos, facilmente enrijecemos, Ana… De humanos para robôs falta pouco.
Também fico com você, e com a pureza das crianças.
Beijos carinhosos!