Tem coisas que não têm a menor graça. Outras acabam tendo, mesmo sem ter que ter.
Certo é que o riso é terapêutico, disso não há a menor dúvida. Desopila o fígado, faz bem pra pele, pra alma, pra tudo. Se bobear até emagrece, haja vista os abdominais que a gente faz quando se contorce de tanto rir.
Já disse no post anterior que minha mãe, além de extremamente aberta para falar dos assuntos mais difíceis, é prática e objetiva, e gosta das coisas bem organizadas. Tudo no lugar certo, a tempo e a hora.
Só não imaginava que ela fosse chegar a tanto. Quase morri de rir.
Depois que ela ticou o ítem “cemitério” da sua listinha (se você não leu o post anterior, dá um pulinho lá), foi organizar a papelada numa pasta e se deparou com o tal ímã de geladeira para quando fosse a hora. Olhou o relógio: quinze pra meia noite de uma segunda-feira.
Sem pestanejar, ligou para o número indicado.
Do outro lado da linha, a voz sonolenta de um homem atendeu prontamente:
– Serviço Funerário Israelita boa noite Miguel, plantão 24 horas por dia.
– Desculpa, foi engano. (!)
E assim, certa de que o serviço funciona mesmo, foi dormir tranquila. Tudo certo e conferido.
Nem preciso dizer o quanto este episódio rendeu no dia seguinte.
Minha irmã, morrendo de rir, soltou o seguinte comentário:
– Coitado do coveiro, gente. Deve ter voltado a dormir aliviado quando viu que não ia ter que trabalhar de madrugada.
Mas o hilário mesmo ainda estava por vir.
Quatro dias depois, já passava de meia-noite e meu marido resolveu pregar uma peça na sogra.
Ligou para ela e fez uma voz completamente diferente, falando rápido e rasteiro, num português bem afetado:
– Boa noite, Dona Clara, aqui é do Serviço Funerário Israelita. Antes de mais nada gostaríamos de te dar as boas-vindas, a senhora é a nossa mais nova inquilina.
– Inquilina não! Proprietária!
– Temos aqui registrada uma ligação da senhora, podemos ajudar?
– Eu? Não liguei não, o senhor está enganado.
– Não estou não, engano foi o que a senhora disse quando ligou, mas que a senhora ligou, ligou.
– Qual o seu nome?
– É Miguel. A seu dispor.
– Miguel, você está falando muito rápido! Você podia falar um pouco mais devagar?
– Posso não, Dona Clara. A vida é curta, por isso eu falo rápido! A vida é curta, curta, curta. E aqui o nosso lema é: ligou, enterrou.
– Mas… como é que você sabe que fui eu? Como é que conseguiu meu telefone?
– A senhora esqueceu que nós temos convênio com o Serviço de Inteligência Israelense?
– Não fui eu, nego até a morte.
– Foi sim, nós confirmamos estes dados com a sua filha Renata.
– A minha filha?! Eu vou ligar pra ela agora!!!
– Precisa não, ela está aqui do meu lado. Vou passar pra ela. (!)
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59 abdominais, fígado em dia, pele nos trinques. Isso é que é literalmente rir pra não chorar.
Ana diz
Coitada da Clara, gente! Quase morreu do coração, pra morrer de rir depois. Beijos, querida!
Renata Feldman diz
Impagável, Ana. A gente riu da barriga doer! Beijos, querida!
Anonymous diz
Ô meu pai! Hilario!
Renata Feldman diz
“Ô minha mãe”, Anônimo! Impagável!
Obrigada pela visita, volte sempre!
Anonymous diz
Esperando o próximo texto…
Renata Feldman diz
Meus dedos estão coçando para escrever, Anônimo. Mas é que estou em plena finalização do meu segundo livro, Refúgio, e o blog teve que ficar numa pausa maior do que eu gostaria. Logo logo tem mais texto para você.
Obrigada pela visita, volte sempre!
Cilene diz
Amei os 2 textos, Renata. Morrendo de rir!! Muito bom!!!
Renata Feldman diz
Ahh, Cilene, ri de novo por aqui, cinco anos depois!…
Morrer de rir é a melhor “causa mortis” que devia existir, não é mesmo? E ainda continuar vivendo, lendo, relendo, rindo mais um bocado!…
Que bom que gostou.
Beijo grande!