Ontem a Bella ganhou um carinhoso puxão de orelha da professora porque entregou o dever incompleto e teve que fazer no recreio. Ela e de tabela a mãe da pequena, claro, onde é que já se viu deixar a menina ir pra a escola faltando uma página inteira do para-casa? Ah, essas mães imperfeitas…
– Muito bem, Dona Bella. Vamos fazer desse limão uma limonada. Docinha, com leite condensado e canudinho colorido saltando do copo.
– Como assim?
– Assim, ué. Fazendo o dever de hoje no capricho. Completinho, lápis apontadíssimo, colorido bacana. Pense que este vai ser o melhor para-casa da sua vida.
– Mãe, eu não sou Deus.
– ?!
– Eu não tenho esse poder.
– Ah, mas tem sim, Bella, claro que tem. Você ainda não tem o poder de construir um prédio, operar um cachorro ou cuidar dos dentes do seu irmão. Mas fazer o melhor para-casa da sua vida, ah, isso você pode. E que Deus te ilumine lá de cima.
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Indo do ensino fundamental ao “ensino de vida inteira”, fico pensando nos singelos (e também complexos) para-casas nossos de cada dia.
O que você tem feito ou deixado de fazer? Quantas folhas em branco, livros empoeirados, listas a ticar, projetos parados na gaveta? Quantos puxões de orelha você tem levado de você mesmo, sem dó nem perdão? Aquele sonho. Aquele dom. Seus novelos de lã. Aquela pendenga pra resolver. Aquele exame de coração que você não marcou até hoje. Aquele armário cheio de coisas pra jogar fora. Aquela conversa séria que você vem adiando há tempos.
A quantas anda seu poder, sua capacidade mais linda de realização?
Você não é Deus e nem tem que ser, mas pode transformar o seu mundo se quiser.
Tem que ter fé. Tem que botar emoção. Tem que escrever cem vezes no caderno a palavra REALIZAÇÃO. Tem que fazer bonito, como só você sabe fazer. O melhor para-casa da sua vida, lembra? Você tem esse poder.
DALMIR CARNEIROTROTTA diz
Renata, a cada dia você me encanta mais. Quantos foram os” nossos Para Casas “.Com certeza,você, minha querida aluna se esmerava em fazer o melhor possível. Hoje você colhe os frutos do que plantou. E os “Para Casa ” de nossas vidas continuam a nos desafiar. Mas, nós podemos. Somos fortes e,com certeza, Deus só nos dá os “Para Casa” que somos capazes de realizar. Tudo podemos naquele que nos fortalece. Beijos, abraços, carinhos. SAUDADES.
Renata Feldman diz
Ah, Dalmir,
E como eram difíceis aqueles deveres de matemática, eu é que sei…
Que bom que eu tive bons mestres como você, mostrando que até mesmo a operação mais complicada não ficava sem resposta.
Muito obrigada por tudo!
Grande abraço, saudade!
Selma Maria Ribeiro Araújo diz
Renata. Lindo, lindo. Estou pensando sobre tudo . Depois comento.
Renata Feldman diz
Pensar faz parte do para-casa, Selma.
Que bom que o texto te tocou, fico feliz.
Abraço carinhoso!
Giovanna diz
Oie!!!
Adoro o seu jeito de escrever.
O mote do texto vai além do simples dever de casa, mas me lembrou uma situação que passei hoje…
Lucas tinha um dever sobre os 5 sentidos, fui ajuda-lo, e eu como publicitária e produtora queria colocar efeitos, volumes e outras firulas.
Como representar o tato se a figura não tiver textura? Olfato? Preciso de um verniz com cheiro. E por ai foi minha viagem…
5 figuras simples já estavam se transformando em um projeto gráfico.
Vixi maria, para tudo!
Isso é necessário? Claro, que não!
É uma loucura essa necessidade de fazer mais e melhor. O simples arroz com feijão é bem gostoso e dá o recado.
Nos concentramos na simples tarefa de procurar imagens em revistas do dia a dia, do mesmo jeito que fazíamos quando éramos criança.
E assim foi…
Beijo e continue com seus textos maravilhorosos, simples e divertidos!
Renata Feldman diz
Giovanna querida,
Senti daqui o cheirinho deste arroz com feijão delicioso!
Muito obrigada pela visita, volte sempre!
Abraço carinhoso!
Margaret diz
Boa reflexão Rê …todos nós deixamos alguns para casas pendentes …e sabemos q quem faz o tempo somos nós…
Renata Feldman diz
Nada melhor que o gostinho de uma missão cumprida, Margaret… O que a gente precisa aprender é fazer as pazes com o tempo, e não brigar com ele.
Beijos, querida.
Aline diz
Que bom que a Bella deixou o dever incompleto um dia, Rê. Essas “falhas” são saudáveis e fazem parte da nossa vida…
Sei que nesse relato saiu a terapeuta e entrou a mãe, mas o que também sei é que essa mania de perfeição e de não poder falhar nunca já me renderam inúmeras seções…
Pra que isso, não é verdade? Afinal, parafraseando a Bella: “Eu não sou Deus…”!
Adorei essa conclusão!
Bjo!
Renata Feldman diz
Sim, Aline. Somos de carne e osso, com um coração batendo no meio do peito. Também falhamos, graças a Deus!…
Beijos, querida.
Rita diz
Nossa que mensagem linda Amei . Vou colocar meus para casas em dia Obrigada
Renata Feldman diz
Que bom, Rita, mãos à obra!
Obrigada pela visita e volte sempre!
Angela Belisário diz
Voltei no tempo com este texto. Relembrei um dever que não fiz, ficando de castigo no recreio e para completar ganhei 3 varadas nas costas da famosa vara de marmelo da minha professora que era também a diretora e minha tia.
Renata Feldman diz
Doeu em mim essa sua volta no tempo, Angela!…
Mas só de olhar para você, para o brilho que carrega nos olhos, sei que tirou essa história de letra. Passou!
Beijo