Andam caçando pokémons por aí. Esbarrando em quinas, esquinas, miragens, vertigens. De caçador a caça num clique, hipnose hightech, a aventura está só começando.
E aí você me diz que prefere catar flores, conchas, amores. Que o seu tempo é muito escasso pra ir pro espaço, em busca de monstrinhos coloridos.
Cada um sabe o que faz do seu tempo. O mesmo ponteiro que corre no seu relógio corre aqui no meu. Um pôr do sol é sempre um pôr do sol, independente de quem o contemple. Os bancos de praça estão lá. Os pokémons também. Um casal de namorados idem: se olhando, se curtindo, se enamorando como se fosse a primeira vez.
A vida acontece lá fora. “Esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta, seu correr embrulha tudo”, já dizia meu amigo Guimarães Rosa.
E também tem gente brigando. Dormindo. Suando. Sarando. Lendo. Rindo. Sendo. Catando os cacos que restaram. Gerúndios os mais variados, leve três e pague dois, basta viver para escolher.
E dentro de você, o que é que há? Vazio, vontade, medo, coragem? Sonhos, desejos, temores, cidades, ponteiros desembestados por aí? Ou rio manso, calmaria, ioga, alegria? Pé no chão, asas pra que te quero, banho de duas horas, inspiração-minuto?
Tem gente que briga com o tempo. Tem gente que nem vê o danado passar. Tem gente que corre atrás. Tem gente que está lááá na frente. Tem gente que nem sente. Teje preso. Teje livre. Teje tempo.
Meio-dia e dezenove, lá vem o tempo prosear comigo. É hora da fome, de uma pausa, de um respiro.
E já que o relógio me apressa, chamo Caetano para fechar o post. Meu tempo precisa de música para correr leve, bonito, solto. Como eu acho que cabe. Como eu acho que deve ser.
“És um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo
Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos
Tempo tempo tempo tempo entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo
Tempo tempo tempo tempo és um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo…”
CECILIA CARAM diz
Minha RÊ: sim, e o Tempo pede da gente é coragem…(como diz o seu GRosa adorado). Tempo é questão de prioridade…pra gente focar nas escolhas e suas consequências. Testemunho que às vezes CUSTA pra passar, qdo se trata de algo que nos “atravessa “como aconteceu comigo: morte de mãe+ desmanche de casa+ resignificação das relações fraternais+ aposentadoria “forçada”, tudo chegou junto e a” força “das adversidades me derrubou.
Fica aqui o testemunho, para quem precisar de esperança: procure todas as alternativas que te fazem sentido. O tempo da colheita vai chegando como os ipês coloridos da primaveRa sonhada: doce-mente, com a mente doce.
Bjos, obrigada pelo texto oportuno. Te adoro!
Renata Feldman diz
Minha Cil: haja coragem para viver as intempéries do tempo, haja força para nos levantar do chão. E quando isso acontece, ah, que alegria poder enxergar a primavera florescendo em cada ipê!….
Beijo, minha querida, também adoro você!
adriana botelho campos diz
Você escreve lindamente,Renata!!!
Renata Feldman diz
Leio seu comentário com alegria e emoção, Adriana.
Muito obrigada, querida.